06/10/2010

Matéria na revist a História

06/10/2010 Diminuir tamanho da letra
Do lixo ao luxo
Além do lixo, Jardim Gramacho também costuma receber residências artísticas
Adriano Belisário
“É para onde tudo que não é bom vai, inclusive as pessoas, que são como lixo para a sociedade. Achei que ia sentir nojo daquilo tudo, mas foi indignação. Mas sempre me impressionou o orgulho deles trabalhando no lixo”, recordou Vik Muniz minutos antes da pré-estreia de seu filme no Festival do Rio, ao fim de setembro. Orgulhando-se de seu toque de Midas e do sucesso com marchands no exterior, o artista brasileiro radicado em Nova York estrela o documentário viajando ao maior aterro sanitário da América Latina para transformar lixo ordinário em “Lixo Extraordinário”, tradução brasileira do título original Waste Land.

No passado, o Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho já havia recebido uma equipe e uma verba de uma ONG canadense para a realização de documentário sobre a vida dos catadores por eles mesmos. "Lixo Extraordinário" é fruto de três anos de filmagens em Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Participaram da residência de Vik Muniz sete moradores, entre eles Tião Santos, presidente da Associação de Catadores do local. O documentário mostra o encontro entre Vik e os trabalhadores locais, desde seu estranhamento inicial até o sincero envolvimento com Tião e os demais participantes, cujas presenças na trama vão muito além do papel de modelo assumido nos quadros eternizados pelo artista plástico. Mas ficam muito aquém de qualquer protagonismo no processo de criação das obras.

“Lixo Extraordinário” conta com Fernando Meirelles na produção-executiva e João Jardim como co-diretor, mas a presença brasileira na equipe é bastante reduzida. A trilha sonora é do cantor norte-americano Moby. Durante boa parte do filme, os diálogos ocorrem em inglês, com a exceção óbvia das cenas que incluem os moradores de Jardim Gramacho. Já outras parecem pouco naturais, como quando Vik empunha a furadeira para colocar seu quadro na parede da casa de um dos retratados.

Outros artes no lixo

No mesmo mês da pre-estreia de “Lixo Extraordinário” no Cine Odeon, a artista riograndense Alissa Gottfried lançou o livro “Rádio Pipa” em Jardim Gramacho, obra feita a partir de sua residência com crianças do local com o apoio da FUNARTE. Trata-se de uma história ficcional, porém baseada na realidade vivida nas cercanias do aterro carioca.

“O que mais me surpreendeu foi a esperteza e sensibilidade das crianças e a relação dessas crianças com o meio em que vivem. Vik Muniz propõe o ambiente da arte como um contexto no projeto Lixo Extraordinário, onde as pessoas são inseridas. Já a minha proposta é um diálogo bem mergulhado para tentar facilitar meu diálogo com o contexto local, usando meios de comunicação criativos. É a questão das pessoas com seu ambiente que está em jogo no projeto Realidade Diminuída”, pontua.

Alissa foi uma das selecionadas para participar do projeto Estúdio Móvel Experimental, veículo criado para residências nômades e pesquisas sobre meio ambiente e arte. Textos, vídeos, fotos e um programa de rádio feito pelas crianças de Jardim Gramacho estão disponibilizados no blog do projeto, que também reúne as informações dos demais artistas escolhidos.




fonte: http://rhbn.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=3293

Contato

Alissa Gottfried
alissa@softwarelivre.org
(21) 9205 1638

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